
As projeções em relação ao futuro da economia brasileira não param de piorar. Você, cara leitora, que já ficou 3,8% mais pobre no ano passado, por enquanto, vai empobrecer mais 3,5% este ano, porque esse é o tamanho da recessão projetada pelos economistas internacionais para o nosso 2016. E se pensa que em 2017 as coisas vão mudar, esta enganada, porque a previsão é de estagnação e as projeções só tendem a piorar. Não há nenhum fato novo que alimente a esperança de uma mudança nos rumos do país, por isso, tudo que é projetado é especulativo e na minha opinião, ainda de forma otimista, com receio de retratar nossa verdadeira realidade. Até hoje só vi projeções otimistas. A bonança esperada vem sempre em tamanho menor e a desgraça em tamanho maior.
Nosso problema é tão grande que vamos impactar negativamente a economia mundial. E por aqui continuamos tranquilos, deitados eternamente em berço esplêndido como diz nosso hino. Maldita frase. Tínhamos é que estar eternamente de pé, laborando para conquistarmos o que sempre achamos que é de nosso direito porque nos achamos privilegiados por Deus.
Perdemos o medo da inflação que no ano passado bateu na casa dos dois dígitos e esse ano poderemos ver repetida a façanha. Eu lhes confesso que estou morrendo de medo. Não por conta da recessão e da inflação, mas por conta do anestesiamento que tomou conta do país.
Morrer ninguém quer e acho que a morte não é tão trágica como se imagina desde que não seja torturante. Difícil é morrer aos poucos por doses diárias de veneno, sem capacidade de reação e com muita dor. Isso eu não quero, mas acho que é isso que já estou vivendo, apesar de não querer estar certo na minha percepção.
As lideranças… onde estão nossas lideranças? Chegamos onde estamos pelas mãos de líderes estudantis, heróis há 40 anos atrás e que arrastaram multidões para as ruas com o discurso de um Brasil novo e melhor. Chegamos onde estamos pelas mãos de lideranças operárias que há 30 anos atrás convenceram seus pares nas portas das fábricas de que conseguiriam fazer do Brasil um país justo e próspero.
Essas nossas lideranças do passado se uniram e hoje uma parte está na cadeia e outra tentando convencer a sociedade de sua cegueira e surdez porque afirmam que mesmo no topo da pirâmide tudo aconteceu sem que nada vissem ou ouvissem.
A piada virou verdade. Dávamos gargalhadas quando nos diziam que Deus era justo porque criou o Brasil com um imenso território, grandes riquezas naturais e um clima extraordinário, “onde se plantando tudo dá” como dizia Pero Vaz em suas cartas ao rei. Não temos terremoto, ciclones, vulcões, tsunamis, aqui tudo é perfeito. Por isso na sua suprema justiça Deus povoou o Brasil com essa nossa gente “eternamente deitada em berço esplêndido”.
E não se diga que somos jovens e por isso imaturos, porque EUA, Canadá e Austrália também são jovens e têm riqueza e qualidade de vida infinitamente superior à nossa. Nosso problema é cultural e fruto de nossas origens. Devemos tudo à uma terrível colonização feita por degredados (bandidos presos nas cadeias portuguesas) que para cá vieram para praticas de exploração. Por sorte, fomos abençoados com correntes migratórias japonesas, italianas e alemães, anos depois, que nos deram um pouco do que temos hoje de bom. Mas a genética de nossos colonizadores ainda está muito presente na nossa sociedade, acomodada e passiva que está aceitando sem nenhuma reação a degradação do país.
Ou reagimos, acordamos, conscientizamos, educamos, ou vamos nos tornar uma Venezuela com inflação que não tem nem mais medida, falta de alimentos e remédios nas prateleiras e com perspectivas de aprofundamento de uma crise que vai destruir o país.
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